Netanyahu vence quinta eleição, porém não tem votos suficientes para reeleição como Primeiro Ministro de Israel; ajuda de um Partido Árabe para coalisão de governo foi negada

Com mais de 95% das urnas apuradas, as eleições em Israel indicam mais uma vez para um futuro incerto. Nem o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, nem a oposição, liderada por uma legenda de centro, conquistaram o número de votos suficientes para negociar uma coligação viável. Ironicamente, o futuro político do atual premiê e do país pode depender da decisão de um partido árabe-islamita.


Para a formação de um governo estável é necessário que o bloco político dominante seja formado por no mínimo 61 deputados aliados no Parlamento. Se o cenário atual se confirmar, o bloco de direita liderado por Netanyahu deve conseguir apenas 59 cadeiras. Já a coalizão de centro, que inclui legendas também de esquerda, teria 50 assentos.


Isso significa que a Lista Árabe Unida, partido chamado Ra'am em hebraico, poderia decidir o futuro de Netanyahu caso aceite se unir ao bloco do premiê. A legenda deve conquistar 4 ou 5 assentos - mais do que suficiente para garantir a continuidade do governo de Bibi, que já é o primeiro-ministro mais longevo da história de Israel.


O cenário atual é um dilema curioso para Netanyahu, que consolidou seu poder por meio de uma política dura com os palestinos e foi acusado de usar retórica racista em campanhas anteriores. A comunidade árabe de Israel representa cerca de 20% da população do país.


O líder da legenda, Mansour Abbas, é um árabe israelita, controverso na sua própria comunidade por admitir a possibilidade de se aliar com qualquer político, incluindo Bibi, desde que isso sirva os interesses dos cidadãos árabes de Israel. Porém, caso de fato decida se juntar ao bloco da situação, Abbas precisaria ser capaz de conciliar seus interesses com os partidos ultra-ortodoxos e de direita, o que pode se mostrar um grande desafio.


Até pouco tempo, os partidos árabes recusavam totalmente a possibilidade de se unir a blocos políticos, ou até mesmo de indicar uma preferência. A única exceção foi na década de 90, quando aprovaram os acordos de paz de Oslo com os palestinos. Recentemente, porém, a possibilidade dessas legendas assumirem um papel importante no balanço de poder cresceu, já que após três eleições o país ainda segue bloqueado por um impasse político.


Nas últimas eleições, os quatro grandes partidos árabes de Israel concorreram unidos, em uma coligação de nome Lista Conjunta. Desta vez, porém, Abbas saiu da coalizão e disputou o pleito de modo solitário.


A definição do cenário é essencial para o futuro de Netanyhu, que é julgado em três processos de corrupção e depende de sua posição para conservar a imunidade política.


O outro fiel da balança

Os olhares de Israel também estão voltados para Naftali Bennett, cujo partido Yamina, que representa a direita radical, nacionalista e religiosa, conquistou 7 cadeiras. O ex-pupilo de Netanyahu alimentou o mistério durante toda a campanha e até agora não se sabe se participaria em uma coalizão com Bibi ou contra ele, para afastá-lo do poder.


“Usarei o poder que vocês me deram para perseguir uma única ideia: o que é bom para Israel, o que é bom para todos os cidadãos de Israel”, disse Bennett em um discurso na terça-feira 23.


No domingo, ele compareceu a um programa de televisão e assinou uma declaração na qual se comprometeu a não participar de um governo liderado pelo partido centrista Yesh Atid, desde que Netanyahu não se alie à Lista Árabe Unida.


Quinta eleição

A Comissão Eleitoral deve anunciar os resultados finais até sexta-feira, pouco antes do início da Páscoa judaica. Em seguida começarão as negociações entre partidos para formar a maioria.


Porém, diante do cenário complexo, que depende de muitas alianças improváveis para se resolver, a possibilidade da realização de uma quinta eleição se torna cada vez maior. Neste caso, Netanyahu segue como premiê interino até que um novo pleito seja realizado.


Um governo provisório, porém, tem poder limitado e não pode tomar grandes decisões ou elaborar um orçamento definitivo. E ainda que Israel já tenha vacinado 56% de sua população e mostrado sucesso no combate ao coronavírus, o momento de pandemia exige uma resolução rápida para o impasse político.


Extrema-direita de Israel rejeita partido islâmico e complica possível coalizão de Netanyahu



As perspectivas de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, formar um novo governo de coalizão após uma eleição inconclusiva se complicaram mais nesta quinta-feira devido à recusa da extrema-direita de qualquer possível parceria parlamentar com um partido islâmico.

Contagens parciais da votação de terça-feira mostraram o partido conservador Likud, de Netanyahu, e facções ideologicamente próximas sem maioria no Parlamento de 120 cadeiras --o que cria a possibilidade de o premiê buscar algum tipo de acomodação com a Lista Árabe Unida (UAL).

Enquanto alguns comentaristas políticos veem a inclusão da UAL, que se prevê conquistar quatro assentos, em um governo Netanyahu como improvável, alguns previram que o partido, ao invés disso, pode prometer não apoiar nenhuma moção de desconfiança da oposição.

Em troca de tal proteção de um aliado tão inesperado, Netanyahu concordaria com medidas para melhorar as condições da minoria árabe de 21% de Israel, disseram os comentaristas.

Mas o Sionismo Religioso, uma sigla ultranacionalista comandada por colonos judeus que se prevê ficar com seis cadeiras, indicou que o premiê não poderia contar com seu apoio se chegar a um acordo com a UAL, que simpatiza com os palestinos.

"Nenhum governo de direita baseado na UAL surgirá. Ponto. Nem com ela dentro, nem com ela fora, nem através da abstenção, nem através de algum outro tipo de (esquema)", disse o líder do Sionismo Religioso, Bezalel Smotrich, no Facebook.


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