Em 24h: Brasil bate recorde com 1.262 mortes em um dia por coronavírus e passa de 30 mil óbitos


A especialista faz uma comparação entre Brasil e Itália. Depois de ser o epicentro da doença na Europa, os italianos chegaram aos 33 mil mortos e agora iniciam a retomada das atividades econômicas. “Aqui na Itália não tivemos a fase de negação da doença. Assim que ela estava se espalhando, os cidadãos e os líderes já assumiram suas responsabilidades para tentar frear o espalhamento e se organizar em termos de atendimentos médicos e ajuda social. Quando chegamos a esse número, já estávamos fazendo medidas importantes e havia uma expectativa de quando os casos começariam a baixar. Havia esperança”, diz a especialista.

No dia 19 de maio, o Brasil registrou 1.179 mortes no período de 24 horas. No dia seguinte, caiu para 888 óbitos contabilizados em um dia, mas em 21 de maio teve um novo recorde de 1.188 mortos. E por quatro dias seguidos, de 26 a 29 de maio, foram registradas mais de mil mortes pelo novo coronavírus em 24 horas. Atenta para a situação da pandemia no Brasil e em outros países da América, a Organização Mundial da Saúde diz que o pico do novo coronavírus no continente ainda não foi atingido. Em 22 de maio, a entidade classificou a América do Sul como o novo epicentro da pandemia, destacando que o Brasil é o local mais afetado da região.

O professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, Eliseu Waldman, afirma que, em média, o Brasil tem um aumento de casos e mortes devido à covid-19. Para ele, a expansão da doença para algumas capitais, como a de Mato Grosso, por exemplo, e a interiorização do vírus preocupam. “Acho que os prefeitos, pressionados pelas forças econômicas de elite da cidade, acaba cedendo (na reabertura) e você tem aumento (de casos)”, diz.

O fato de o País não ter conseguido construir um consenso sobre as medidas de distanciamento social, delegado a governadores e prefeitos a decisão de abrir ou fechar suas regiões, também tem impacto no aumento da pandemia. “A gente está pagando um preço por isso”.

“Ainda não sabemos o tamanho do impacto da interiorização da epidemia. Provavelmente, cada Estado vai ser diferente e cidades pequenas e médias terão maior impacto porque não têm estrutura médica para atender”, analisa Waldman. “O próximo mês não será muito bom para o Brasil nem América Latina”, prevê o professor.

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