Mourão: 'Campanha para as eleições de 2022 foi colocada na rua cedo demais e não dá mais para ser recolhida'



Vice-presidente afirma que disputa entre o presidente Bolsonaro e o governador João Doria deve continuar 'até o desfecho das urnas'


O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou, em entrevista exclusiva ao "Papo com Editor", do Estadão/Broadcast, que a disputa eleitoral de 2022 foi colocada em pauta "cedo demais". Para ele, o embate entre o presidente Jair Bolsonaro e seu adversário político João Doria (PSDB), governador de São Paulo e um dos pré-candidatos à sucessão, deve continuar até o "desfecho nas urnas".


 "A campanha eleitoral para 2022 foi colocada na rua cedo demais. Então, a partir daí, é aquela história, ela partiu e não dá mais para ser recolhida. Na minha visão, vai continuar esse clima (de embate)", avaliou. O vice-presidente opinou que Doria "vem fazendo uso dos mais variados meios para se colocar em evidência e sempre buscando ser um contraponto ao nosso governo".



Apesar disso, a briga política se mantém no campo declaratório e da retórica, segundo Mourão. "Esse embate está muito nas palavras. Quando vocês forem olhar ações concretas, não tem ação concreta. Nem o governo federal está prejudicando o governo de São Paulo e nem o governo de São Paulo vai fazer uma nova Revolução de 32", comentou.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro e Doria divergem sobre a estratégia de combate ao vírus. Ao contrário do chefe do Executivo, o governador também defende a obrigatoriedade da vacina e a adoção do imunizante de origem chinesa, a Coronavac, produzida em parceria com o Instituto Butantan. Apesar das constantes críticas públicas entre os dois, Mourão aposta que a briga possa "cansar" e esfriar até 2022. "O embate está nas palavras, não tem ação concreta e já vem cansando. Vamos aguardar os próximos passos. Julgo que vai ficar nessa figura de retórica e talvez em determinado momento até dê uma arrefecida", acrescentou.


'Faz algum tempo' que não temos conversa particular, diz Mourão sobre Bolsonaro

Em mais um sinal do distanciamento com o chefe do Executivo, Mourão disse, durante a entrevista, que "faz algum tempo" que não tem conversas particulares com o presidente Bolsonaro. Questionado sobre planos para uma reunião privada com o presidente sobre temas fora do Executivo, Mourão respondeu: "Se for provocado, sim".


"A realidade é que faz algum tempo que não temos uma conversa particular", disse. O vice-presidente também negou possíveis planos de passar o Natal junto do presidente. "É um momento que é mais da família", disse. Nesta semana, o vice-presidente disse que pretende despachar com Bolsonaro sobre a decisão sobre a reestruturação da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban).


Em relação às eleições de 2022 e uma possível repetição da chapa de 2018, Mourão negou que tenha tratado sobre o assunto com Bolsonaro. Mas, se mostrou disponível caso seja convidado. "Até o presente momento, o presidente Jair Bolsonaro não tocou nesse assunto comigo. Estou pronto para acompanhá-lo caso ele deseje e vá ser candidato em 2022, porque tudo é possível daqui para lá", disse.


Apesar de ser mais receptivo com a imprensa do que Bolsonaro, o vice-presidente afirmou que prefere uma "posição secundária" no governo e não de evidência. "Desde o primeiro momento sempre me coloquei numa posição para assessorar o presidente Bolsonaro da melhor forma possível e buscar facilitar as ações dele", explicou.


No início de novembro, contudo, Bolsonaro e Mourão divergiram sobre as eleições nos Estados Unidos. Enquanto o vice-presidente disse que eventualmente o governo reconheceria a vitória de Biden nos EUA, o chefe do Executivo negou que tivesse conversado com Mourão sobre o assunto, expondo o distanciamento entre os dois. A vacina contra a covid-19 e, recentemente, a tecnologia 5G também já foram temas de opiniões opostas de Bolsonaro e Mourão.

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