Sucesso da vacinação pode gerar apagão em 2021 no Brasil, comenta especialista


Para o analista de energia Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), uma crise energética em 2021 está “nas mãos de São Pedro e da vacina”. De acordo com Pires, o esperado crescimento econômico pós-pandemia demandaria uma quantidade de energia que o Brasil não tem condições de fornecer — a não ser que chova acima da média nos primeiros meses do ano, para recuperar a produção das hidrelétricas. O sucesso da vacina e da economia pode gerar um apagão.

                                                        (Adriano Pires analista de energia - foto reprodução) 


Neste mês, o nível dos reservatórios das principais usinas brasileiras chegou a um dos mais baixos já registrados. Em busca de resolver a questão, o país tem aumentando o uso de outras fontes, especialmente termelétricas, e está importando energia da Argentina e Uruguai. O que gera o aumento do custo da eletricidade.


O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por monitorar o fornecimento de energia, revela que não vê risco de apagão.

Reflexo do passado

Pires comenta que a situação atual reflete um erro ocorrido em 2012, quando a então presidente da república Dilma Rousseff, alterou a Medida Provisória 579, transformada em lei no ano seguinte.  O objetivo da MP era reduzir a tarifa de luz em 20%, permitindo que as empresas de energia renovassem seus contratos sem a necessidade de passar por novas licitações.

O intuito parecia positivo, mas o custo te produzir e transmitir energia subiu, e as empresas enfrentaram dificuldade em acertar suas contas.

Sofrendo pressão, o sistema elétrico deve de usar mais água dos reservatórios para produzir a energia com preço mais baixo possível. Como o nível de chuva não foi suficiente para manter os reservatórios cheios, o potencial hidrelétrico chegou a um estágio crítico.

Planejamento equivocado

Adriano Pires diz que o governo errou ao não utilizar antes termelétricas mais baratas, como as de gás natural. “Essas usinas deveriam ficar ligadas o tempo todo, não só quando os reservatórios já estão quase vazios.” Agora, segundo o analista, o Brasil está apelando para a energia fornecida por termelétricas mais caras (movidas a petróleo e carvão, principalmente), num momento em que a tarifa já está na bandeira vermelha 2.

Alerta para a retomada

A pandemia fez os níveis de consumo de energia despencarem junto com a atividade econômica em 2020. Mas, após uma queda histórica no segundo trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 7,7% no terceiro trimestre.

“A retomada do crescimento econômico mais cedo do que o esperado, somado à falta de chuva, acendeu o sinal amarelo no setor energético”, pontua Pires.

Vacina

Segundo o analista, se o Brasil tiver sucesso na imunização da população, a economia terá em 2021 uma retomada forte que demandará muita energia.

No entanto, esse crescimento só será possível se o Brasil puder fornecer energia suficiente aos setores produtivos e aos consumidores. Para isso, segundo o analista do CBIE, é necessário que chova mais do que o previsto no primeiro trimestre de 2021.

No pior dos cenários do ponto de vista energético, segundo Pires, o governo terá que pedir a indústrias que reduzam suas atividades, com o objetivo de evitar um apagão. Essa medida seria um freio para o crescimento econômico e geraria demissões em massa no setor produtivo.

Apagão

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afirma que não existe risco de desabastecimento.

“O maior uso de termelétricas está sendo realizado para fazer frente ao cenário de escassez hídrica, que vem se repetindo nos últimos anos”, declarou o ONS. “Estamos entrando agora no período úmido, quando chove na maior parte do país, e a previsão é que os reservatórios das hidrelétricas voltem a encher”.

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