Pra não sofrer Impeachment, Bolsonaro vai ter que se aproximar de Rodrigo Maia, contra opositores no Congresso



O Congresso Nacional voltou ao trabalho nesta segunda-feira (3) depois do recesso de fim de ano.

O presidente Jair Bolsonaro enviou uma mensagem do Poder Executivo para a abertura do ano legislativo no Congresso Nacional.

"Esse tende a ser um ano mais difícil para o governo do que foi o ano de 2019. O primeiro ano é, sempre para qualquer governo, aquele ano da chamada 'lua de mel'. O período em que é mais fácil se relacionar com o Congresso, obter a aprovação de políticas", disse Couto.

Entre as prioridades legislativas listadas por Bolsonaro para este ano, estão os projetos em tramitação no Parlamento que ainda aguardam votação, como a independência do Banco Central, a reforma tributária, a privatização da Eletrobras, o novo marco legal no saneamento e as propostas de emenda constitucional do pacto federativo, dos fundos públicos e emergencial.

Já para Sônia Fleury, cientista política, pesquisadora sênior do Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para colocar essas medidas em prática, o governo do presidente Jair Bolsonaro vai depender do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"O que a gente pode ver é uma proeminência muito grande do Rodrigo Maia na incapacidade do governo de ter uma liderança efetiva do Congresso. Eu imagino que isso vá continuar neste ano porque ele tem uma base sólida no Congresso e tem dado as cartas. Quando as duas agendas coincidem, a do Rodrigo Maia, que é um liberal, com as posições do governo na área econômica, as coisas tem uma sinergia".

Segundo Sônia Fleury, o estilo de Bolsonaro de não negociar com as bancadas do Congresso dificulta ainda mais as coisas.

"O estilo do presidente é um estilo muito errático e sem negociações. Se ele tivesse um partido político já definido e um candidato nas eleições municipais, talvez [a relação melhorasse], mas como isso também é pendente, eu não acredito que ele vá ter nenhum relacionamento mais amigável com o Congresso" analisa.

Cláudio Couto também chamou atenção para as eleições municipais de outubro deste ano e disse que o primeiro semestre será "decisivo".

"A gente tem um ano no ponto de vista mais curto do ponto de vista congressual porque temos eleições municipais, os parlamentares se envolvem muito fortemente nelas, consequentemente as coisas andam mais devagar no segundo semestre. O primeiro semestre é o momento crucial para que coisas importantes sejam votadas", comentou.
Segundo Couto, a falta de negociação do presidente Bolsonaro junto com as eleições municipais fazem também com que os parlamentares não tenham incentivos para aprovar medidas que façam com eles percam popularidade.

"Como é também um governo que optou por não construir uma coalizão no Legislativo, os incentivos que os parlamentares tem para votar em algo que lhe sacrifica, que custa um pouco da sua popularidade, em prol do governo que eles eventualmente apoiariam, não está presente. Porque na verdade não é um governo que tem um apoio formal no Congresso", completou.

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