Rainha Elizabeth II faz pronunciamento inédito contra o Covid-19, e diz que isolamento é pior que na Segunda Guerra Mundial

A rainha Elizabeth II, 93, disse ao povo britânico, em pronunciamento realizado no último domingo (5), que o espírito nacional dos britânicos é admirável e pediu que a população supere o tempo de “dor” e de “enormes mudanças” que a pandemia do coronavírus impôs ao país.
O discurso de domingo foi extremamente raro, já que a rainha geralmente só fala à nação em sua mensagem anual do dia de Natal na televisão. Elizabeth, vestida com a cor da esperança, pediu aos britânicos que mostrassem a determinação de antepassados ​​e demonstrassem sua força no presente.
“Vamos nos encontrar novamente”, disse ela em referência direta à música britânica mais famosa dos anos de guerra da década de 1940, quando era adolescente. “Dias melhores voltarão.”
A transmissão ocorreu horas depois que as autoridades disseram que o número de mortos na Grã-Bretanha pelo vírus aumentou em 621 nas últimas 24 horas, contabilizando 4.934 mortes, com expectativa para um cenário de piora.
Juntos, estamos enfrentando esta doença e quero garantir que, se permanecermos unidos e resolutos, vamos superá-la.Rainha Elizabeth II

 “Juntos, estamos enfrentando esta doença e quero garantir que, se permanecermos unidos e resolutos, vamos superá-la”, disse a monarca direto de sua casa em Windsor Castle, onde está hospedada. 
O primeiro-ministro Boris Johnson está entre os que se isolaram após dar positivo para o covid-19, e o filho e herdeiro da rainha, príncipe Charles, 71 anos, se recuperou após sofrer sintomas leves do vírus.
“Embora já tenhamos enfrentado desafios antes, este é diferente. Desta vez, nos unimos a todas as nações do mundo em um esforço comum, usando os grandes avanços da ciência e nossa compaixão instintiva para curar. Teremos sucesso - e esse sucesso pertencerá para todos nós”. 

Qual a situação da Grã-Bretanha diante do coronavírus

Como muitos países da Europa, a Grã-Bretanha está em um estado de quarentena, com pessoas instruídas a trabalhar de casa e praticar o isolamento a não ser que execute uma função essencial ou precise comprar mantimentos.
O ministro da Saúde, Matt Hancock, disse que regras ainda mais rígidas podem ser impostas se as atuais para conter a propagação do vírus forem desrespeitadas.
Em seu discurso, Elizabeth agradeceu aos que ficam em casa, ajudando assim a poupar os outros do sofrimento que algumas famílias já estão sentido, mas reconheceu que o auto-isolamento poderia ser difícil.
Ela também prestou homenagem à equipe de saúde por seu trabalho altruísta e elogiou as histórias “comoventes” de pessoas no sistema de saúde, da qual ela é chefe, e mais além, por fornecer alimentos e medicamentos àqueles que precisavam. Assista ao vídeo:
A fim de garantir que a monarca, que é idosa, não fosse colocada em risco, o vídeo foi filmado em uma grande sala para garantir distância segura entre ela e o cinegrafista, que usava luvas e máscara e era a única outra pessoa presente.
Elizabeth também disse que a situação a lembrou de sua primeira transmissão em 1940, quando ela e sua falecida irmã Margaret falaram de Windsor para sobre as crianças que foram retiradas de suas casas para escapar de ataques a bomba por aviões alemães nazistas.
Desde o início da pandemia, a monarca decidiu se isolar na fortaleza medieval que fica distante cerca de 30 quilômetros de sua residência oficial em Londres, o Palácio de Buckingham, a fim de se proteger do novo coronavírus. Depois de três anos separados, ela e o príncipe Philip voltaram a dividir um teto.
“Hoje, mais uma vez, muitos sentirão uma dolorosa sensação de separação de seus entes queridos. Mas agora, sabemos, no fundo, que é a coisa certa a fazer”, disse ela.
No futuro, as pessoas poderiam se orgulhar de como elas também haviam lidado com as perturbações de suas vidas, e que o estoicismo dos britânicos em tempo de guerra não era algo do passado, mas parte do presente e do futuro.
Hoje, mais uma vez, muitos sentirão uma dolorosa sensação de separação de seus entes queridos. Mas agora, sabemos, no fundo, que é a coisa certa a fazer.
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Britânicos assistem ao pronunciamento inédito da rainha diante do coronavírus.
“Quem vier depois de nós dirá que os britânicos desta geração eram tão fortes quanto qualquer outro”, disse ela. “Que os atributos da autodisciplina, da calma e bem-humorada determinação e do sentimento de companheirismo ainda caracterizam este país.”
Ela concluiu invocando as palavras da música “Vamos nos encontrar de novo”, de Vera Lynn, da Segunda Guerra Mundial, que se tornou um símbolo de esperança para os britânicos durante o conflito.
“Devemos ter consolo de que, enquanto ainda temos mais para suportar, dias melhores voltarão”, disse ela. “Estaremos com nossos amigos novamente; estaremos com nossas famílias novamente; nos encontraremos novamente”.

Outras restrições que o país terá que impor devido à covid-19

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Piccadilly Circus, praça tradicional em Londres, fica vazia diante do coronavírus. 
O Reino Unido terá que impor mais restrições ao exercício ao ar livre se as pessoas desrespeitarem as regras de isolamento destinadas a coibir a transmissão do coronavírus, disse o secretário de Saúde, Matt Hancock, neste domingo.
“No momento, a grande maioria das pessoas está (seguindo as regras). Mas as pessoas não devem violar as regras, porque isso significaria que o vírus se espalharia mais e, então, talvez precisássemos tomar outras medidas”, afirmou ele ao programa Andrew Marr, da BBC.
Outros países europeus, como Itália e França, impuseram restrições mais severas às pessoas que deixam suas casas.
Temia-se que o clima mais quente da primavera deste domingo pudesse incentivar os britânicos a irem aos parques. O Conselho Lambeth, em Londres, fechou o Brockwell Park neste domingo depois de dizer que muitas pessoas foram se bronzear ou se reuniram em grandes grupos no sábado.
Hancock disse que era “inacreditável” ver uma pequena minoria desprezando os orientações do governo para manter o distanciamento social.
Se houver desrespeito às regras, que permitem que as pessoas andem, corram ou andem de bicicleta ao ar livre uma vez por dia mas não tomem sol, o secretário da Saúde disse que teria que proibir o exercício de todas as formas fora de casa

Os números decrescentes da Europa, no estágio atual da doença

DAVID BENITO VIA GETTY IMAGES
Enfermeira e bombeiro são vistos conversando do lado de fora do Hospital Geral Villalba em 5 de abril de 2020 em Madri, na Espanha.
A taxa de novas infecções e mortes por coronavírus em países europeus vem diminuindo exponencialmente - mas está longe de chegar a uma estabilidade. A Espanha, um dos países com o maior número de mortes e casos, diminuiu novamente o número de mortes neste domingo (5). O país inicia a sua quarta semana de isolamento quase que total.
No país, as mortes pela doença respiratória altamente contagiosa subiram para 12.418 - a segunda maior marca do mundo depois da Itália. No entanto, o número de 674 pessoas que morreram nas últimas 24 horas caiu em relação às 809 de sábado (4) e está bem abaixo do recorde diário de 950 da última quinta-feira, informou o Ministério da Saúde do país.
O número total de infecções registradas aumentou para 130.759 em relação às 124.736 de sábado. “Os dados da semana e hoje confirmam a desaceleração das infecções”, disse o ministro da Saúde, Salvador Illa, em entrevista coletiva. “Os dados confirmam que o confinamento está funcionando.”
Ele afirmou que um milhão de kits de testes chegariam à Espanha no domingo e na segunda-feira e atuariam como “triagem rápida” em locais como hospitais e asilos, parte de um esforço para identificar a verdadeira extensão da pandemia de covid-19.
O diretor da Organização Mundial da Saúde para a Europa, Hans Kluge, tuitou sobre a Espanha: “Otimismo cuidadoso como resultado de medidas ousadas, abordagens inovadoras e decisões corajosas”.
Na França, os parisienses foram orientados a não sucumbir ao tentador clima ensolarado da primavera e permanecer dentro de casa para ajudar a combater a propagação do coronavírus, que já matou 7.560 no país.
Lá, como em outros países, a política de confinamento segue. Cidadãos estão em quarentena desde 17 de março para conter a propagação do vírus. As medidas foram estendidas até 15 de abril e provavelmente serão prorrogadas novamente.
Vários convidados nos programas de televisão deste domingo, incluindo médicos, ficaram alarmados com as imagens de muitos parisienses nas margens do rio Sena aproveitando o clima ensolarado.
“Quando vemos algumas dessas imagens, quando vemos algumas dessas atitudes, a verdade é que é totalmente incompreensível”, disse Jean Rottner, chefe da região de Grand Est, onde o surto começou, na BFM TV.
A situação ainda é muito séria em Paris para começar a pensar em suspender o confinamento, afirmou Valérie Pécresse, chefe da região da grande Paris, no mesmo canal. “Não cedam à tentação, mesmo que seja feriado e o tempo esteja bom. Fiquem em casa o máximo possível”, disse ela. “Nosso sistema de saúde está saturado, nada seria pior do que um semiconfinamento”.
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