Violência marca protestos contra Copa
PM prendeu 20 manifestantes mascarados que portavam coquetéis molotov e martelos em São Paulo
A menos de
um mês da abertura da Copa do Mundo, manifestações reuniram milhares de
pessoas que protestavam em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e
Brasília contra a realização do Mundial no país e por moradias e
melhores serviços públicos.
No início da
noite, 1.200 manifestantes ocuparam a Avenida Paulista, uma das mais
importantes vias paulistana, enquanto cerca de 5 mil professores em
greve, segundo a Polícia Militar, marchavam com destino à sede da
prefeitura. As cidades-sede do Mundial também têm sido afetadas por
greves realizadas por diferentes categorias.
Imagens da
TV mostraram cenas de confronto entre manifestantes e policiais na
região da Paulista. Parte dos participantes dos protestos, alguns deles
com o rosto coberto, tentaram depredar estabelecimentos comerciais da
região e incendiaram sacos de lixo.
A polícia respondeu com bombas de efeito moral. A PM informou a prisão
de 20 manifestantes mascarados que portavam coquetéis molotov e
martelos.
Ao mesmo
tempo, no Rio de Janeiro cerca de 850 manifestantes, segundo a PM,
ocupavam a Avenida Presidente Vargas, com cartazes com palavras de ordem
contra o Mundial, que começa no dia 12 de junho em São Paulo, com a
partida entre Brasil e Croácia, na Arena Corinthians.
E o local de
abertura da Copa foi palco de uma das manifestações desta quinta-feira,
quando integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
marcharam para lá a partir de um acampamento montado em um terreno
ocupado a poucos quilômetros do estádio e atearam fogo a pneus.
A polícia
formou um cordão de isolamento no entorno da arena para impedir o avanço
dos manifestantes, que montaram uma barricada com pneus em chamas numa
rua de acesso ao estádio. De acordo com o MTST, cerca de 1.500 pessoas
participaram da manifestação.
"TÔ NA RUA DE NOVO"
Em alusão ao
Mundial e às manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas no
ano passado, o MTST divulgou um manifesto com o nome "Copa sem povo, tô
na rua de novo!".
No
documento, reivindica mais recursos para transporte, saúde e educação,
demandas que também motivaram os protestos de junho do ano passado.
Integrantes
do movimento em Brasília invadiram um prédio da empresa Terracap,
estatal do governo do Distrito Federal responsável pela construção do
Estádio Nacional Mané Garrincha, o mais caro da Copa com custo estimado
em 1,4 bilhão de reais.
O MTST disse
em sua página oficial no Facebook que membros do grupo foram expulsos
do local em uma "ação truculenta da polícia" e que permaneceriam do lado
de fora do prédio até serem recebidos por autoridades para apresentar
suas demandas.
De acordo
com uma porta-voz da polícia do DF, houve uma "ação normal e sem
violência" para retirada de cerca de 300 manifestantes do interior do
prédio, e o grupo que permaneceu do lado de fora era inferior a 100
pessoas.
Em Recife,
cidade que receberá cinco partidas do Mundial, uma greve de policiais
militares provocou episódios de violência e saques nas ruas da cidade.
As
manifestações nacionais desta quinta-feira começaram logo cedo quando um
grupo de manifestantes utilizou pneus queimados para bloquear a rodovia
Anhanguera, na altura do limite entre São Paulo e Osasco, no sentido à
capital paulista. A via foi liberada depois, mas o protesto provocou
enorme congestionamento na região.
Os protestos
contra a Copa se somam aos atrasos nas obras de estádios e
infraestrutura entre os problemas do Brasil na organização do Mundial.
Durante a Copa das Confederações do ano passado, torneio preparatório
para o Mundial, houve confrontos entre manifestantes e a polícia nos
arredores de arenas, inclusive deixando torcedores no meio da confusão.
Foto: Reuters
Membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto protestam em frente ao estádio da Copa do Mundo em São Paulo
Fonte; Alternativa Online