Brasil cria as primeiras unidades do Real Digital


Na última quinta-feira 20/10/2022, começaram a ser produzidas as primeiras unidades do Real Digital, a moeda digital de banco central (CBDC) do Brasil. A notícia foi revelada por Ronaldo Lemos, em reportagem para o jornal Folha de S. Paulo. Segundo o colunista, as primeiras CBDCs serão emitidas em seu ambiente de teste, no Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (LIFT).


As unidades que serão criadas são do tipo stablecoin, ou moeda estável, que possui paridade de 1:1 com o real. Essa modalidade é bastante utilizada como moedas intermediárias em negociações de outras criptomoedas que possuem maior volatilidade. A ideia é criar uma versão paralela da moeda fiduciária no ambiente digital, com lastro junto ao Banco Central.


Um dos motivos para o Banco Central criar a stablecoin é aproveitar a segurança da rede blockchain para contratos. A tecnologia permite o registro de transações de maneira descentralizada em milhares de computadores, diminuindo as chances de fraudes e golpes.


Combate à lavagem de dinheiro e investimento em inovações

Tendência ao redor do mundo, a criação de moeda digital controlada pelo governo vem sendo testada em países como China, França, Nigéria, Uruguai e Canadá, que já estão mais avançados. A maioria busca por eficiência para pagamentos e transferências imediatas.


No caso do Brasil, já alcançamos esse tipo de agilidade através do bem-sucedido Pix, mudando os objetivos do BC com o projeto. Segundo Eliseu Tudisco, diretor de Estratégia de Negócios da Accenture, o real digital tende a acelerar a substituição do dinheiro físico, elevando a formalidade na economia e ajudando em tarefas como cobrança de impostos e combate à lavagem de dinheiro.


Tudisco ainda cita que uma moeda controlada pelo governo é mais estável, o que torna o investimento em inovações mais seguro, e poderá alavancar serviços financeiros através de finanças descentralizadas (DeFi).


Pessoas poderão oferecer serviços, como empréstimos, sem a intermediação de uma instituição financeira, visto que o acordo seria estabelecido pelos códigos criados na própria moeda. Como principal consequência, as instituições financeiras seriam obrigadas a melhorar seus serviços, aumentando a competitividade no mercado.


Real digital "inaugurado" e internacional

De acordo com Lemos, a partir da primeira emissão destas CBDCs, a rede do Real Digital será “inaugurada”, visto que não estará mais offline — oficializando o desenvolvimento da moeda digital. A rede de testes já vai conectar a CBDC do Brasil ao ecossistema de contratos inteligentes, DeFi e NFTs.


Real digital não será anônimo como o dinheiro em espécie


Embora o Pix já tenha aumentado a capacidade do BC de monitorar as transações financeiras, Tudisco avalia que o real digital tende a acelerar a substituição do dinheiro físico, elevando a formalidade na economia e ajudando em tarefas como cobrança de impostos e combate à lavagem de dinheiro.


Além disso, ao contrário das criptomoedas, a CBDC é uma moeda digital controlada pelo governo e, assim, daria mais segurança para o desenvolvimento de inovações. Como exemplo, ele cita as operações de crédito por meio de plataformas de finanças descentralizadas, em que há empréstimo entre quem poupa e quem precisa de dinheiro, sem a intermediação de uma instituição financeira, já que o acordo seria estabelecido pelos códigos criados na própria moeda.


“A ideia aqui é ter uma criptomoeda sob gestão do governo, uma moeda estável, que vai poder alavancar serviços financeiros por meio de finanças descentralizadas (Defi, na expressão em inglês).


Hoje, os grandes bancos acabam atendendo as classes mais altas. Com a CBDC, por meio do Defi, teria ainda mais pluralidade de instituições que fornecem produtos financeiros”, disse, citando ampliação da onda de criação de braços financeiros em varejistas ou empresas de serviços públicos.



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