Fim do Real Brasileiro? Bolsonaro em visita à Macri diz que criação de moeda em comum com a Argentina‘é 1º passo para realizar um sonho’

A questão da unificação monetária foi apresentada em encontro com empresários pelo ministro da Economia Paulo Guedes e foi bem recebida

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã desta sexta-feira, 7, que foi dado na Argentina o primeiro passo em direção a uma moeda única no Mercosul. “É o primeiro passo para um sonho de uma moeda única. Como aconteceu o euro lá atrás, pode acontecer o peso real aqui”, disse ao deixar o hotel onde estava hospedado em Buenos Aires. Bolsonaro volta nesta manhã para o Brasil.
Meu forte não é economia, mas acreditamos no feeling, na bagagem, no conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes, ministro da Economia, nessa questão também“, afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de o anúncio do projeto ser uma manobra eleitoral do governo de Mauricio Macri, Bolsonaro mudou de assunto e voltou a falar que ninguém quer que a América do Sul “flerte com o comunismo, o socialismo”. “Infelizmente isso aconteceu na nossa querida Venezuela”, disse.
Macri tentará a reeleição em outubro contra uma chapa formada por Cristina Kirchner, candidata à vice, e Alberto Fernández. Com a Argentina passando por mais uma crise econômica, a imagem de Macri está bastante abalada. O anúncio da moeda comum pode ser usado para melhorar sua popularidade.
Bolsonaro disse ainda que deixava como mensagem final aos argentinos um pedido para que Deus os ilumine nas eleições de outubro, repetindo o que já havia dito em duas ocasiões na quinta-feira (6). Em discursos ao lado de Macri, o dirigente brasileiro havia mostrado seu apoio a Macri.
O presidente disse também que tem uma proposta “embrionária” para que os países da América do Sul se reúnam com o presidente americano, Donald Trump. Ele não citou, porém, quais seriam os objetivos dessa reunião.
“Vamos agora costurar essa possibilidade dos países da América do Sul, de centro-direita, conversar com Trump.”
Desde o início do Mercosul, no início dos anos 90, existe a intenção de se criar uma moeda única. No entanto, choques econômicos, como a desvalorização do real, de 1999, impediram a concretização do plano. A discrepância entre as inflações de Brasil e Argentina, porém, seria um grande desafio. Enquanto a inflação acumulada nos últimos 12 meses no Brasil é de 5%, na Argentina chega a 55%.

O Estado apurou que a questão da moeda comum foi apresentada nesta quinta-feira pelo ministro da Economia Paulo Guedes durante um encontro empresarial no Hotel Alvear, no qual estiveram presentes Bolsonaro e os ministros argentinos Jorge Faurie, de Relações Exteriores, e Dante Sica, de Produção e Trabalho. A proposta foi muito bem recebida, disseram fontes que participaram do encontro.

A criação de uma moeda única para o Mercosul ganhou impulso no fim de abril, quando a Argentina atravessava mais uma fase aguda de sua crise financeira. A ideia havia sido apresentada ao governo de Mauricio Macri meses antes em Washington. Na ocasião, a equipe argentina pediu para que os brasileiros esperassem até que as eleições presidenciais do país passassem, em outubro, afirmou uma fonte.

Com a situação econômica agravada, porém, o ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, foi até o Rio de Janeiro em abril e se encontrou com Guedes. Dujovne pediu para anunciar o projeto, o que foi rejeitado pelo Brasil, apurou o Estado. A divulgação da informação de que Bolsonaro estava disposto a fazer parte de uma união monetária seria uma ferramenta que poderia ser usada para impulsionar a popularidade de Macri, que tenta a reeleição neste ano e teve sua imagem golpeada pela crise.

O Banco Central do Brasil emitiu um comunicado na noite de quinta-feira afirmando que não há estudos para uma união monetária.

A jornalistas, Guedes afirmou que a criação da moeda é uma conjectura.

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