Bomba! escolha da cidade do Rio De Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 foi Comprada, com Propina, diz Jornal Francês Le Monde



O jornal francês Le Monde publicou nesta sexta (3) uma denúncia de corrupção sobre a escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016. O diário diz que três dias antes da eleição, realizada em 2 de outubro de 2009, uma empresa ligada ao empresário brasileiro Arthur Cesar de Menezes Soares Filho (investigado na Operação Calicute) pagou 1,5 milhões de dólares a Papa Diack, filho de Lamine Diack, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), levantando suspeitas de compra de votos.
Ainda de acordo com Le Monde, que vem investigando o caso desde dezembro de 2015, a transferência ocorreu três dias antes de o Rio vencer a disputa contra Madri, Tóquio e Chicago. Uma segunda transferência, de 500.000 dólares, também proveniente da mesma empresa (Matlock Capital Group, sediada nas Ilhas Virgens), beneficiou uma conta de Papa Diack na Rússia, dias depois.
   Veja abaixo : 
‘Le Monde’ destacou possível esquema de corrupção na página 4 do seu diária
Foto: ‘Le Monde’ destacou possível esquema de corrupção na página 4 do seu diária
Créditos: Reprodução/LeMonde 
Lamine Diack, de 83 anos, vive em prisão domiciliar na França e responde por diversas acusações de corrupção. Papa Diack, que foi protagonista de um grande escândalo de corrupção e acobertamento de doping no atletismo, foi banido do esporte por atos de corrupção em 2016 e não deixa o Senegal desde então, com medo de ser preso.

Procurado pelo Le Monde, Mário Andrada, chefe de comunicação da Rio-2016, disse que “as eleições foram limpas. O Rio ganhou por 66 votos contra 32, foi uma vitória clara." 

Após perder por duas tentativas a sede (para Atenas, em 2004, e Londres, em 2012), o Rio venceu, em 2009, a escolha para os Jogos de 2016. A diferença de 29 votos contra Madri foi apenas no terceiro turno da eleição, realizada na Dinamarca. No primeiro turno, o Rio ficou em segundo, atrás da capital espanhola (28 votos). Após a eliminação de Chicago, o Rio teve 46 votos, contra 29 de Madri e 20 de Tóquio.
A publicação europeia diz ainda que o depósito feito três dias antes da eleição foi por meio de empresas com endereços em paraísos fiscais. O "Le Monde" chama o caso de "evidência de corrupção".
Arthur era dono da Facility, grupo de empresas que presta serviços ao governo e à prefeitura do Rio em diversas áreas, como saúde, limpeza, alimentação e até no Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran). No início de fevereiro, ele prestou depoimento ao Ministério Público Federal do Rio.
Para os procuradores, ele pode ter envolvimento no esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral. Arthur negou que tenha pagado qualquer vantagem indevida para que suas empresas fossem contratadas pelo governo.
Ainda segundo o jornal "Le Monde", o pagamento ao filho de Diack teria sido feito através da empresa de Arthur César, com sede nas Ilhas Virgens britânicas, a Matlock Capital Group.
O jornal afirma também que um segundo depósito, de US$ 500 mil, teria sido feito numa conta na Rússia do filho de Diack. Pai e filho são investigados na França.
O "Le Monde" diz também que, no dia da escolha, o ex-atleta da Namíbia, Frankie Fredericks, recebeu de Papa Diack, um pagamento de quase US$ 300 mil. Na época da votação, Fredericks era presidente da Comissão de Atletas do COI e encarregado de supervisionar a lisura da votação para a escolha da sede de 2016. Atualmente, ele preside a comissão de avaliação das candidatas a sede de 2024.
O Comitê Olímpico Internacional divulgou uma nota à imprensa em que afirma que está colaborando com as investigações na França e já afastou Lamine Diack das funções em novembro de 2015.
O COI disse que confia na versão de Fredericks, de que ele está concentrado em explicar sua inocência e de que os US$ 300 mil pagos a ele teriam sido referentes a serviços de marketing esportivo. O comitê informou ainda que, "imediatamente depois de ter sido estabelecida uma ligação entre este pagamento contratual e o voto para a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos de 2016, o próprio Fredericks recorreu também à Comissão de Ética do COI, que agora acompanha todas as alegações para esclarecer completamente esta questão" (leia a íntegra da nota no fim da reportagem).
Papa Diack e Lamine Diack estão afastados do esporte. O filho foi banido do atletismo, enquanto o pai foi preso suspeito de lavagem de dinheiro e corrupção.
O "Le Monde" entrou em contato com os investigados e somente o filho respondeu. "Boa sorte com a sua reportagem", teria dito ao jornalista.
O advogado de Arthur César de Menezes Soares Filho disse que seu cliente desconhece o assunto e que jamais teve qualquer notícia sobre o fato divulgado pelo jornal francês.

Leia a íntegra da nota do COI:

"O COI tomou conhecimento das sérias alegações feitas pelo jornal francês Le Monde sobre a votação para selecionar a cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O COI é parte civil no processo em curso iniciado pelas autoridades judiciais francesas contra ex-presidente da IAAF, Sr. Lamine Diack, e o seu filho, Papa Massata Diack, então consultor de marketing da IAAF. O COI continua empenhado em esclarecer esta situação, colaborando com o Ministério Público. A investigação já mostrou que o Sr. Lamine Diack, que anteriormente era membro honorário do COI, não exerceu qualquer função dentro do COI desde novembro de 2015. O COI entrará novamente em contato com as autoridades judiciais francesas para receber informações sobre as quais a reportagem no Le Monde parece estar baseada.
No que diz respeito ao sr. Fredericks, ele informou o COI e explicou a situação e sublinhou a sua inocência imediatamente após ser contactado pelo jornalista. O COI confia que Fredericks trará todos os elementos para provar a sua inocência contra estas alegações feitas pelo Le Monde.
De acordo com Fredericks, o suposto pagamento foi feito pela Pamodzi Sports Consulting, que era dirigida por Papa Massata Diack e em conexão com a promoção, desenvolvimento de propriedades esportivas em conexão com o Programa de Marketing da IAAF, eventos da IAAF e a o marketing do Programa Africano de Atletismo 2007/2011. Fredericks tinha um contrato de marketing com a Pamodzi Sports Consulting entre 2007 e 2011. Ele se voltou para a Comissão de Ética da IAAF ontem.
Imediatamente depois de ter sido estabelecida uma ligação entre este pagamento contratual e o voto para a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos de 2016, o próprio Fredericks recorreu também à Comissão de Ética do COI, que agora acompanha todas as alegações para esclarecer completamente esta questão. 




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