Do lado esquerdo do auditório da TV Globo onde aconteceu, na noite de quinta-feira (23), o último debate entre os candidatos ao governo do Rio, os convidados de Marcelo Crivella (PRB) gritavam com as mãos espalmadas mostrando o número 10, do senador, e bradavam: “Crivella é ficha limpa”. Do lado direito, partidários de Luiz Fernando Pezão (PMDB) respondiam cantando “Pezão, Pezão, Pezão”, batendo com os pés no chão ao ritmo do jingle da campanha, gravado por Jorge Benjor. Faltavam poucos minutos para o programa entrar no ar e pouco adiantavam os pedidos de silêncio feitos pela apresentadora Ana Paula Araújo.  O clima de guerra de torcidas, como se ali acontecesse a final de um torneio de futebol, se estendeu durante todo o debate. 

“Mentiroso”, gritaram os pró-Crivella quando Pezão disse que a gestão de Sérgio Cabral, de quem foi vice-governador, abriu escolas no Estado. “Olha a educação”, responderam os partidários de Pezão. Discretos, produtores da emissora circulavam entre os “torcedores” pedindo que se comportassem. Pouco antes do início do debate, pesquisas divulgadas pelo Datafolha e pelo Ibope tinham apontado Pezão na liderança, com 55% dos votos válidos contra 45% para Crivella (em ambas as enquetes).

A “guerra” contaminou os candidatos. Em sua primeira réplica, o candidato do PMDB chamou seu adversário de “bispo Crivella”, referência ao fato de o senador ser ligado à Igreja Universal. Mais adiante, afirmou que o oponente era um “testa de ferro” de Edir Macedo, fundador da Universal e tio de Crivella, e disse ser “um perigo” para o Rio de Janeiro ter as verbas dos programas sociais sob o controle de Macedo.

O senador reagiu acusando o adversário de tentar criar um clima de guerra religiosa.  “Se sou testa de ferro de Edir Macedo, se ele tem tanto poder, por que não botou dinheiro na minha campanha? Por que eu não tive dinheiro para comprar 17 partidos, como fez Pezão?”. Convidados dos dois candidatos, mais uma vez, se manifestaram com vaias e aplausos. No intervalo, logo a seguir, a apresentadora pediu a Pezão e Crivella que contivessem seus partidários. Os dois se dirigiram à plateia, sinalizando para que fizessem silêncio. O pedido teve pouco efeito. Do lado de Pezão, o ex-secretário municipal de Transportes Carlos Roberto Osório, eleito deputado estadual com cerca de 70 mil votos, gritou “ouve seu candidato, Clarissa”, dirigindo-se à filha do ex-governador e candidato derrotado Anthony Garotinho, que apoia Crivella. Do outro lado, Clarissa, eleita deputada federal com 335 mil votos, puxou uma vaia. “Barraqueira”, gritaram de volta os pró-Pezão. “Sem educação”, reagiram os pró-Crivella.

Crivella acusou Pezão de ter seu nome citado na Operação Lava-Jato, que investiga denúncias de corrupção e pagamento de propinas a autoridades. Pezão reagiu mencionando as denúncias de que Crivella tem empresas em paraísos fiscais e que sua mulher e filha compraram apartamentos na Flórida, nos Estados Unidos.
O clima no debate reproduziu a troca de acusações entre Pezão e Crivella que marcou a campanha para o segundo turno estadual. Além de tentar colar em Crivella a marca de testa de ferro da Igreja Universal, Pezão atacou a aliança entre o adversário e o deputado Anthony Garotinho (PR). A campanha do PMDB passou a afirmar que a violência aumentou quando Garotinho governou o Estado, de 1999 a 2002, e na época que em ele foi secretário de Segurança Pública, em 2003, no governo de sua mulher, Rosinha Garotinho. Nas redes sociais, circulou o boato de que Garotinho comandaria a pasta de segurança caso Crivella fosse eleito. O senador precisou estampar um aviso em sua página na internet: "Anthony Garotinho não vai ser secretário de Segurança".
Crivella contra-atacou batendo na tecla de que Pezão esconde seus laços com o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que deixou o cargo em abril deste ano. Cabral foi um dos principais alvos dos protestos de rua de junho de 2013. Ele recebeu críticas por usar um helicóptero do governo para transportar o cachorro da família. Durante o debate, ao criticar a política de saúde do estado por, segundo ele, não ter meios rápidos para transportar doentes graves, Crivella disse que “o helicóptero no nosso estado é para transportar o cachorro do governador”. O senador também relembrou, em diversos momentos da campanha, a ostentação de Cabral, com jantares em Paris, e suas ligações com o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, acusada pela Polícia Federal de desviar dinheiro público. 

a sirene e as considerações finais: 

 


mais vídeos : 

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