O Brasil vai parar
Se nada for feito de modo sério e urgente, o Brasil vai parar. Em um congestionamento
Por Renato Parente
A personagem é fictícia, mas a história é verdadeira.
O Brasil tem uma legião de
trabalhadores, estudantes e empresários que perdem as mais produtivas
horas de seus dias parados no trânsito.
Segundo o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), chegar ao trabalho leva mais tempo nas
regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro do que em Londres,
Nova York, Tóquio, Paris e várias outras grandes cidades. E, por ora, o
futuro não é nada animador.
Em 2001, tínhamos sete habitantes por
automóvel. Hoje, são quatro brasileiros por carro. O estado de São Paulo
tem apenas dois habitantes por veículo.
Ter carro próprio é desejo natural na
sociedade de consumo. As montadoras nos estimulam com propagandas
sedutoras e prestações cada vez menores, o governo dá um empurrãozinho
com reduções de impostos e, principalmente, ninguém merece o transporte
público de péssima qualidade oferecido aos cidadãos. O resultado são
ruas e avenidas paralisadas, sem espaço para tantos motoristas.
Mas, então, não podemos todos ter um
carro ou uma moto na garagem? Podemos. O problema está na absoluta falta
de compromisso de nossos prefeitos de buscar soluções criativas e
viáveis para melhorar a mobilidade urbana.
Modestamente, deixo aqui três sugestões:
Primeira – integrar os veículos
particulares à rede de transporte público, com a instalação de
estacionamentos para carros, motos e bicicletas nas cercanias de
estações de metrô e terminais rodoviários.
Segunda – oferecer alternativas para
deslocamentos rápidos. Para percorrer alguns quarteirões, é irracional
tomar o metrô ou um grande e poluente ônibus. Poderia ser usado o
simpático bonde, presente com sucesso nas grandes cidades europeias. Ou
serem criadas linhas curtas de vans e micro-ônibus.
Terceira – incentivar a descentralização
dos municípios, pois ninguém enfrenta o congestionamento para o centro
de uma cidade porque quer, mas porque precisa trabalhar, estudar, ir ao
banco, a uma repartição pública, etc.
Se nada for feito de modo sério e urgente, o Brasil vai parar. Em um congestionamento.