Venda de drogas: quem não tem dinheiro, passa no cartão
Após a compra, jovens não temem usar as drogas na rua
Por Adriana Klautau
Isso porque em pleno coração de São
Paulo, o trânsito se formava diante dos traficantes, que ofereciam pinos
de cocaína em promoção. E, para facilitar o comércio, a reportagem
mostrou que quem não estava com dinheiro vivo tinha a possibilidade de
pagar com cartão de débito no caixa de uma loja de conveniência de um
posto próximo às redondezas.
Todos sabem que a droga é uma questão de
saúde pública. Porém, a ação conjunta da prefeitura e do governo do
Estado de São Paulo para que minicracolândias não ressurjam, pelo visto,
não tem surtido muito efeito. Apenas forçou que o contigente de
usuários de drogas migrasse para outras regiões da cidade.
No resto do Brasil, a situação não é das
melhores. A cada dia, o consumo só aumenta, sem que haja nenhum
empecilho. E as estatísticas comprovam isso. De acordo com Relatório
Mundial sobre Drogas 2013 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e
Crimes (UNODC), o consumo de cocaína dobrou no Brasil no prazo de seis
anos, enquanto em outras partes do mundo o uso dessa substância está
caindo.
Outra situação que assusta e gera
dúvidas é o fato da comercialização de entorpecentes ser realizada bem
aos olhos daqueles que deveriam coibir de toda a forma a sua circulação:
a polícia. Próximo à feira livre do tráfico encontra-se a delegacia do
4º Distrito Policial, responsável pelas áreas do Distrito da Consolação.
O fato é muito estranho, pois se fosse
numa viela da periferia, a desculpa de que encontrariam dificuldades em
chegar ao local até convenceria, mas e no caso da região mais moderna da
cidade, local que move a economia do Brasil?
Diante do exposto, uma coisa é certa e
definitiva: consumir ou comercializar drogas no Brasil é crime e, o que
os olhos não querem ver, uma hora vem à tona. Esperamos que nesse
momento venham também medidas eficazes e que sejam capazes de diminuir o
consumo, e consequentemente, recuperar as muitas vidas que estão
entregues aos vícios.