Geraldo Alckmin já teve mais audiências com Lula do que Mourão com Bolsonaro e Temer com Dilma; Alckmin ficou sem jeito em negar pedido de impeachment de Lula à ex-aliados do PSDB


Em menos de quatro meses de mandato, o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu ao menos 12 vezes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em audiências a portas fechadas, só os dois ou com outras autoridades. Um Levantamento exclusivo nas agendas oficiais mostram que Alckmin não está disposto a ser um “vice decorativo” apenas. 


Antecipando a queda de Lula, Geraldo Alckmin cede entrevista intitulada de ¨Presidente só tem um¨


A frequência de encontros neste início de governo chama atenção quando comparada à de antecessores, relegados a um papel meramente administrativo — conforme a lista de compromissos oficiais dos últimos nove anos. Entre 1º de janeiro e 30 de abril de 2019, Jair Bolsonaro não chegou a receber Hamilton Mourão em reunião exclusiva. Foram apenas dois encontros coletivos em reuniões ministeriais. Também se viram em cerimônias oficiais, mas já viviam em clima de desconfiança, especialmente por causa de manifestações do vice contrárias a posicionamentos do então presidente.


Nos quatro primeiros meses de mandato, Bolsonaro publicou em sua agenda oficial duas reuniões de Conselho de Governo, onde participam toda sua equipe ministerial e vice-presidente. Mas o nome de Mourão só aparece uma única vez, em reunião no dia 19 de fevereiro, ao lado de outros quatro ministros e alguns secretários de governo. O general, que é hoje senador, também aparece nas imagens da reunião do dia 22 de abril daquele ano, usada pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro, para acusar Bolsonaro de interferência na Polícia Federal. O evento nunca entrou na agenda do ex-presidente. Com Dilma Rousseff, em seu segundo mandato, Michel Temer conseguiu ter três encontros a sós com ela no gabinete presidencial, entre janeiro e abril de 2014. Pouco tempo depois, eclodiriam queixas do emedebista, que se sentia um “vice decorativo”, dada a falta de consideração da petista em planejamentos e decisões estratégicas. Na ocasião, Temer reclamou que “só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas”. A relação azedou, Dilma perdeu apoio no Congresso e acabou sofrendo impeachment por suas pedaladas fiscais. 


Entre os compromissos oficiais de Dilma Rousseff, em seus quatro primeiros meses de mandato, não há menção a nenhuma reunião ministerial ou de governo, ou mesmo qualquer outra audiência com sua equipe onde o vice-presidente deveria estar presente. Mas os três encontros particulares com Temer foram explicitamente publicados. Agora, tudo mudou. A média de audiências entre Lula e Alckmin a cada mês é 75% maior que a dos antecessores. 


Nas 12 audiências entre Lula e Alckmin, além de reuniões particulares, estão almoços com governadores e reuniões ministeriais. As audiências a sós com o presidente aconteceram nos dias 20 de janeiro e nos dias 9 e 17 de março, todas no Palácio do Planalto. A agenda de Alckmin, que também ocupa a pasta de Indústria, Comércio e Serviços, também é intensa em relação ao resto da Esplanada. Até hoje, o vice — que ocupa interinamente a Presidência durante a viagem de Lula a Portugal — recebeu o total de dez ministros de governo. Entre eles, Fernando Haddad, da Fazenda; Nísia Trindade, da Saúde, Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, Camilo Santana, da Educação; e Luiz Marinho, de Trabalho e Emprego.


A quantidade de despachos com o presidente Lula e ministros só não é maior que os compromissos com pauta internacional e reuniões com empresários, que compreende a maior parte da agenda do vice-presidente. Ele manteve 22 compromissos com empresários ou entidades representantes da indústria e 27 agendas envolvendo temas internacionais. John Tuttle, vice-presidente mundial da Bolsa de Valores de Nova York e Liesje Schreinemacher, ministra do Comércio Exterior e Cooperação ao Desenvolvimento do Reino dos Países Baixos, foram alguns recebidos por ele no Palácio do Planalto. Entre os empresariado, figuras representativas do setor, como Josué Gomes e Eduardo Eugenio, presidentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), respectivamente; além da diretoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e representantes da Indústria do Amazonas. Em paralelo aos encontros com gigantes do segundo setor, Alckmin também atendeu defensores do empreendedorismo sustentável, frente mais aliada com as pautas da base do presidente Lula, como Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), e a Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo.


Nessa mesma posição, de tentar alinhar seus compromissos no governo às pautas do eleitorado de Lula, o vice-presidente tem aberto as portas de seu gabinete a representantes de movimentos sociais. Entre eles, Cleusa Ramos, presidente da Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo; Toni Reis, diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+; e Preto Zezé, presidente global da Central Única de Favelas. No campo político, o vice-presidente se mostra ativo nas articulações com o Congresso, em parceria com o ministro Alexandre Padilha. Já recebeu em conversas no gabinete representantes de 16 partidos, sendo a maior parte deles, do PSB, sigla no qual é filiado. Ao todo, foram 10 encontros com seus colegas de partido até agora. Apesar da atuação intensa, Alckmin mantém o perfil discreto que o caracteriza, rendendo homenagem a Marco Maciel, considerado até hoje em Brasília o vice ideal.


EX-Amigos do PSDB de Alckmin pedem Impeachment, Alckmin sem jeito respondeu: ¨Presidente ainda é o Lula¨


Parlamentares de oposição e ligados ao PSDB procuraram o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para fazer uma sondagem em favor de um suposto processo de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Falando nas entrelinhas, os ex-colegas de partido deram a entender que poderiam propor a abertura de um processo para afastar o mandatário se o vice topasse assumir o país.


Eles se referiam ao fato de que o ex-ministro Gonçalves Dias , do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), foi flagrado por câmeras de segurança dentro do Planalto no dia 8 de janeiro , momentos após a invasão golpista. O fato acabou por derrubá-lo do governo e levou Lula a cogitar acabar com o Gabinete, além de declarar guerra contra os militares. 


A oposição distante do bolsonarismo enxergou aí um primeiro sinal de fragilidade do presidente. Sem pensar duas vezes e por manter boas relações com Alckmin, deputados foram encarregados de sondar o vice-presidente para saber se em algum momento ele embarcaria num apoio a um possível processo de impeachment contra Lula. A expectativa era de que, se Geraldo desse um sinal verde, rapidamente a classe política e empresarial abraçaria a ideia.


"O PSDB não reconhece, mas existia um clima de fazer com o Lula o que foi feito com a Dilma", diz um senador de oposição. O parlamentar se refere ao fato de que Dilma Rousseff (PT) enfrentou um processo de impeachment e acabou afastada do cargo graças ao apoio que seu vice, Michel Temer (MDB) deu nos bastidores para a articulação dos congressistas.


Alckmin não respondeu à altura, e enganou Lula, dizendo ser fiel ao mesmo. Porém tal fidelidade, já tem prazo de validade. 

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