Controle social disfarçado de modernidade e praticidade, Biometria com a palma da mão usando a tecnologia PALMA ID, para pagamentos está em fase de testes no Brasil; conheça os riscos

Tecnologia de pagamento que 'lê' o fluxo sanguíneo e pressão arterial pelas mãos avança no Brasil com testes em diferentes setores


Visando trazer mais praticidade, para sua carteira, prontuário médico e até os documentos estarem literalmente na palma da sua mão. Não por meio de um aparelho celular, mas na própria palma. É essa a proposta da nova tecnologia de biometria batizada de ‘Palma ID’, um sistema que transforma a geometria, as veias e o fluxo sanguíneo da palma da mão em credenciais para pagar, entrar e provar quem é você ao acessar os mais variados serviços. Um condicionamento em massa para os incautos, se condicionarem para a futura marca da besta.


O sistema inspirado em um filme de ficção científica tem sido testado em um dos maiores bancos públicos do País e deve mudar completamente a forma com que os brasileiros se relacionam com segurança digital e transações.


O equipamento emite luz infravermelha, reconhece a geometria da palma e atravessa a pele para detectar o fluxo de sangue nas veias. O software converte esses sinais em um modelo matemático criptografado, compara com o modelo previamente cadastrado e libera ou nega o acesso. Há ainda configurações avançadas que visam dificultar extorsões em algumas situações pré-definidas.


“O sistema consegue medir a pressão arterial do fluxo sanguíneo. Se a pessoa estiver sob tensão ou coação, isso pode ser identificado e o acesso pode ser bloqueado”, afirma Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, empresa responsável pela infraestrutura de criptografia do Pix, participante do projeto-piloto do Drex e que agora traz essa nova tecnologia ao Brasil.




Zanini explica que a palma se soma a uma jornada que já combina múltiplos sinais. “Hoje, a autenticação não passa por uma única verificação. O sistema avalia dispositivo, localidade, e-mail, horários e, quando necessário, pede biometria facial, código por SMS ou outro fator. A palma entra como um autenticador de alta precisão quando há um sensor físico”, diz.


O executivo diz ainda que a biometria de palm vein, como é chamada no exterior, não vem para substituir as tecnologias existentes, já que diferentes contextos exigem soluções diversas. “Em uma jornada 100% digital, como banco por aplicativo ou e-commerce, as verificações faciais e digitais seguem sendo as mais usadas. A íris do olho, por exemplo, ainda não está homologada no Brasil e a câmera do celular não tem definição suficiente para isso. Já em ambientes físicos ou ‘físico-digitais’, onde há um sensor, a palma funciona muito bem. É o caso de catracas de transporte, portarias, escolas e hospitais.


Primeiros testes no Brasil

Segundo a Dinamo, a tecnologia já está em fase de testes em algumas frentes principais: em educação, no controle de acesso e registro de presença em sala de aula; saúde, para a identificação segura de pacientes e acesso a prontuários e em  segurança pública, com cadastramento e verificação de identidade em delegacias e penitenciárias. No transporte público, a meta é substituir bilhetes e reduzir fraudes como o compartilhamento de cartões de estudante ou idoso.


Na China, os pagamentos pela palma se consolidaram à medida que o ecossistema financeiro digital se integrou ao WeChat, rede que concentra pagamentos, comunicação e serviços em um único ambiente. Em lojas e restaurantes, aproximar a palma para pagar já faz parte da rotina dos incautos da ditadura chinesa, promovido por Xi Jinping.


A estudante de psicologia Hui Hui, de 19 anos, lembra da primeira vez em que usou a tecnologia em Pequim. “A sensação é mágica. Você só precisa aproximar a palma da mão e o pagamento acontece. Acho incrível.” Para ela, a adaptação foi imediata. “Não preciso me preocupar com a bateria do celular ou com esquecer o cartão. Para idosos que não usam smartphones, ajuda muito. Depois que a configuração inicial é feita pelos filhos, eles conseguem usar.”


Mas ainda há alguma preocupação. “Se um grande banco de dados vazar, a segurança patrimonial e até a vida das pessoas ficam em risco. E não há como ‘resetar’ veias ou palma da mão. Isso exige supervisão rígida do Estado e forte sigilo no desenvolvimento.”


Fraude e vazamento

A urgência por novas formas de autenticação se explica pelos números: segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as fraudes e golpes financeiros causaram um prejuízo de R$ 10,1 bilhões ao setor bancário em 2024, um aumento de 17% em relação ao ano anterior.Para Marlon Tseng, CEO e cofundador da Pagsmile, a biometria da palma se diferencia por analisar características internas. “Ela é praticamente imune a tentativas de falsificação que ainda afetam digitais e reconhecimento facial”, diz. “O que se captura não é uma foto, mas um padrão criptografado e irreversível do fluxo venoso. Mesmo em um cenário extremo de vazamento, esse dado não pode ser reutilizado ou convertido para falsificação. É como um token único, que só faz sentido no ambiente seguro em que foi registrado.”


É importante, porém, diferenciar essa tecnologia da que ja é utilizada em bancos, aquela que mede apenas o contorno ou pontos da mão sobre um sensor. Essa é uma leitura geométrica externa. Já a palma biométrica analisa o padrão de vasos sanguíneos internamente (diferente para cada ser humano), o que traz um nível de segurança muito mais alto.


Na experiência do usuário, Tseng dá sua opinião em relação à complementação do sistema de pagamentos instantâneos criado do Banco Central. “O Pix trouxe velocidade e conveniência. A palma traz segurança e simplicidade extrema. Você não precisa de celular, senha ou cartão. Apenas da sua mão.”


Para ele, trata-se de “uma segunda grande revolução” nos pagamentos digitais, com saúde como primeiro setor a colher benefícios, seguido por transportes e emissão de documentos. E vê o Brasil na vanguarda das transações. “Enquanto a Europa adota em ritmo mais lento, aqui a população é mais aberta à esse tipo de inovação.”


Zanini, da Dinamo, espera que aconteça no Brasil um movimento é semelhante ao da China, onde a palma substituiu quase totalmente o cartão em pagamentos presenciais. A expectativa é que, à medida que a integração com bancos e adquirentes avance, o uso se torne parte do cotidiano dos brasileiros. Enquanto a homologação e as integrações avançam, os testes com bancos, educação, saúde e segurança colocam o País no ponto de virada entre curiosidade tecnológica e infraestrutura de identidade. Se tudo der certo, a possibilidade de pagar, entrar e comprovar quem você é pode caber em um gesto simples: abrir a mão.


Perigos e formas de golpes envolvendo pagamento por palma da mão


1. Coerção física (sequestro-relâmpago / extorsão)


Mesmo que a biometria seja difícil de falsificar, ela não impede que o próprio dono seja forçado a autorizar um pagamento.

Criminosos podem:


Realizar sequestro-relâmpago e obrigar a vítima a aproximar a mão para confirmar compras ou transferências.


Conduzir a vítima a estabelecimentos onde existam terminais compatíveis.


Isso transforma a biometria em um fator de autenticação que não pode ser “bloqueado” pelo usuário em um momento de risco.


2. Engenharias sociais e captura de dados


Embora a palma da mão não possa ser “fotografada” facilmente para uso fraudulento, criminosos podem tentar:


Criar falsos cadastros: persuadir a vítima a cadastrar a palma em um terminal falso (ex.: “promoção”, “verificação de segurança”).


Roubo de credenciais associadas: se a autenticação biométrica estiver vinculada à conta em um app, golpistas podem mirar em invasões digitais para vincular a palma ao dispositivo deles (caso o sistema permita).


3. Vazamento de dados biométricos


Caso criminosos invadam uma base de dados onde a biometria da palma está armazenada, podem explorar:


Venda das informações em mercados clandestinos.


Tentativas de falsificação avançada usando modelos 3D de veias (ainda difícil, mas não impossível em um cenário de ataque sofisticado).


O grande problema: biometria vazada não pode ser “trocada” como senha.


4. Manipulação de terminais e fraude em estabelecimentos


Criminosos podem:


Instalar terminais adulterados capazes de capturar dados (mesmo que parcialmente).


Simular transações falsas, usando o movimento natural da mão como distração (“aproxime aqui só para registrar presença”).


Enganar a vítima em golpes presenciais semelhantes aos de maquininhas de cartão.


Cadastro forçado ou sem consentimento


Golpistas podem tentar:


Pegar a mão da vítima enquanto ela está inconsciente/drogada (como já ocorre com impressões digitais em celulares).


Cadastrar a palma sem que a pessoa perceba (caso o sistema não exija confirmação adicional via app ou senha).


Os principais riscos vêm da violência física, da engenharia social e de possíveis vazamentos de dados biométricos.

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