Donald Trump sobre Síria: “Prepare-se, Rússia, porque os mísseis virão bonitos, novos e inteligentes”


Presidente dos EUA anuncia pelo Twitter que iniciará uma ofensiva bélica contra o regime de Bashar al-Assad



Mísseis "bons, novos e inteligentes". Donald Trump faz guerra como se estivesse vendendo um carro. Em um dos tuítes mais incomuns de seu impressionante mandato, o presidente dos Estados Unidos anunciou ao mundo que as hostilidades começarão contra o regime sírio e que será por meio de mísseis. Destruído qualquer indício de surpresa militar, o presidente permitiu-se enfrentar a Rússia, o grande padrinho do "animal" Bashar al-Assad, pedindo-lhe que "se preparasse" antes do desdobramento da guerra americana. "A Rússia promete abater todos os mísseis contra a Síria. Prepare-se, Rússia, porque o que virá será [mísseis] bonito, novo e inteligente. Você não deve ser parceiro de um animal que mata seu povo com gás e gosta disso!", disse Trump no Twitter.
A bola foi lançada, e Trump não demorou meia hora para voltar a seus pés. Foi em outro tweet, também voltado para a Rússia, mas desta vez em tom conciliatório e buscando o fim da corrida armamentista. "Nosso relacionamento com a Rússia está pior do que nunca, e isso inclui a Guerra Fria. Não há razão para isso, a Rússia precisa que ajudemos sua economia, algo que seria muito fácil de fazer e precisamos que todas as nações trabalhem juntos. Coloquemos um fim à corrida armamentista?", ele tuitou.
As mensagens de Trump chegam em um momento em que o mundo já se preparava para uma iminente intervenção militar. A agência europeia de tráfego aéreo Eurocontrol recomendou que todas as companhias tomem precauções no Mediterrâneo oriental em vista da possibilidade de ataques aéreos na Síria nas próximas 72 horas. A advertência, segundo a Reuters, refere-se especialmente ao lançamento de mísseis de cruzeiro e também alerta para possíveis interrupções nos equipamentos de radionavegação. “É preciso tomar as medidas adequadas nos planos de voo no Mediterrâneo oriental”, sublinha a Eurocontrol.
O ataque proposto pelos EUA é uma resposta ao suposto uso de armas químicas por parte do regime de al-Assad contra a população civil em Duma, um reduto rebelde na periferia de Damasco. A ofensiva, que matou 60 civis e causou centenas de feridos no sábado, foi entendida pela Casa Branca como um desafio à linha vermelha traçada por Trump há um ano, quando, depois de uma matança similar, arrasou com 59 mísseis Tomahawk a base aérea de Shayrat, na cidade de Homs.
Naquela ocasião, a resposta norte-americana foi unilateral. Agora, Trump procurou o apoio de seus aliados. França, Reino Unido e Arábia Saudita se mostraram dispostos a participar de uma ação conjunta. Apesar dessa coordenação, a natureza do ataque é um mistério. Os especialistas apontam que, caso aconteça, será maior que o de 2017 e que, dada a suposta reincidência de Assad no uso de armas químicas, buscará um efeito dissuasivo de longo prazo. Também não se sabe quando ocorrerá, mas Trump adiantou na segunda-feira que tomaria uma decisão nas próximas “24-48 horas”. Enquanto isso, suspendeu sua participação na Cúpula das Américas, prevista para a sexta-feira e o sábado, e insistiu que o autor do ataque de Duma “pagará um alto preço”. “Se tiver sido a Rússia, se tiver sido a Síria, se tiver sido o Irã, se tiverem sido todos juntos, vamos resolver”, tuitou.

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