A rede social financia pesquisas que desenvolvem mecanismos para interpretar as ondas cerebrais


Já faz tempo que o Facebook deixou de achar suficiente saber onde você está, com quem e fazendo o quê. Do que você gosta ou deixa de gostar, todas as tecnologias já sabem com base em quem você segue, quantas curtidas você dá e quais coisas você compra. Também te escutam pelo telefone. Coletam dados sobre as coisas que você diz e faz, colocam um lacinho de embrulho e as vendem para quem der o maior preço. Mas há uma barreira que nenhuma delas conseguiu atravessar ainda: o pensamento. Você consegue imaginar o que aconteceria se as empresas pudessem ler a sua mente e obter lucro com essa informação? Pois esse parece ser o próximo objetivo do Facebook. A empresa de Mark Zuckerberg está financiando diferentes pesquisas para desenvolver "decodificadores de voz" capazes de determinar a partir dos sinais cerebrais das pessoas o que elas tentam dizer, de acordo com um post publicado no blog do Facebook.

Um dos estudos financiados pela empresa foi divulgado recentemente na revista Nature Communications e é liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia (São Francisco, Estados Unidos). Essa pesquisa tem como foco fazer com que possamos usar as máquinas apenas com a nossa mente. Para isso, estão projetando dispositivos que leem os sinais cerebrais e tentam identificar o que o sujeito está tentando dizer. Como assinala o MIT, "os pesquisadores colocaram placas de eletrodos no cérebro dos voluntários. Depois, fizeram uma série de perguntas às quais deveriam dar respostas simples. Por exemplo: ‘Você prefere um piano ou um violino?’. O sistema tentou detectar a pergunta e a resposta."

Embora os resultados sejam preliminares, concluíram que "a atividade cerebral registrada enquanto as pessoas falam poderia ser usada para decodificar quase instantaneamente o que estavam dizendo e transformá-las em texto na tela de um computador". O Facebook diz que se a máquina for capaz de reconhecer apenas alguns comandos mentais, como iniciar, selecionar e deletar, isso já proporcionaria maneiras completamente novas de interagir com os dispositivos.

A rede social explica em seu blog oficial que seu objetivo é projetar uma interface não invasiva que permita aos usuários escrever diretamente com a mente, "imaginando-se falando". Indo um passo além, o Facebook quer criar um fone de ouvido portátil que permita aos usuários usar seus pensamentos para controlar a música ou interagir na realidade virtual. Com essa finalidade, a rede social também financiou pesquisas com sistemas que escutam o cérebro a partir do lado de fora do crânio, usando fibra óptica ou lasers que medem as mudanças no fluxo sanguíneo, algo semelhante a uma máquina de ressonância magnética.

• O que o Facebook fará com essa informação?
A versão oficial é que a empresa está tentando melhorar a interação entre máquina e humano. Mas qual é o preço de se poder escolher uma música com a mente? Que ao longo do caminho a empresa colete dados sobre as suas ondas cerebrais. Com esses dispositivos, o Facebook pode detectar e traduzir os seus sinais cerebrais, seja o que for que você estiver pensando. Isso lhe daria muito mais informação do que já tem, e muito mais real. Não precisaria esperar que você reaja a uma publicação, mas simplesmente ver como a sua mente reage a ela. Não haveria mais nenhum segredo entre a sua mente e a rede social.

"É um dos primeiros exemplos de um gigante da tecnologia interessado em obter dados diretamente da mente das pessoas", explica o MIT Technology Review. Nessa mesma publicação, Nita Farahany, professora da Universidade Duke (EUA) e especialista em neuroética, afirma que "estamos prestes a cruzar a última fronteira da privacidade sem dispormos de nenhum tipo de proteção".

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