Reflexão:Quem para a espionagem ?

A certeza de que não existe privacidade na era da tecnologia, para quem ainda tinha dúvidas, se confirmou mais uma vez nos últimos dias. E foi o mesmo Edward Snowden que forneceu os documentos para provar que os serviços de espionagem não param e não pararão de inventar métodos cada vez mais eficientes para escutar tudo que se diz e se pensa no planeta. O ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA) que encontrou refúgio na Rússia entregou documentos ao site intercept para provar que americanos e britânicos conseguiram as Chávez de acesso aos cartões SIM de o menos 30% da população mundial há uns cinco anos.


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Em 2010 os serviços de espionagem dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha decidiram unir esforços e criaram uma unidade dedicada exclusivamente a acabar com a privacidade dos celulares.

O que eles queriam? Ter acesso, sem deixar rastros, às conversas de boa parte dos cidadãos mundiais. No passado, eles usaram as companhias telefônicas.

Convenceram algumas a abrirem as portas dos fundos e assim os agentes entraram, estabeleceram centros paralelos por onde toda a comunicação circulava e era gravada para ser analisada. Mas é claro que as empresas estavam se arriscando.

Se a trama fosse descoberta, como foi elas seriam passíveis de processo por violação da privacidade dos clientes. Como não poderia deixar de serem, eles foram descobertos e foi preciso mudar de estratégia.

Agora, os espiões dispensaram a colaboração da indústria de telefonia e foram direto ao fabricante do cérebro dos telefones.

Eles conseguiram roubar as chaves de código dos cartões SIM da maior fabricante do mundo, a holandesa GEMALTO, que tem mais de 40 fábricas em 85 países e lista, entre seus grandes clientes, as operadoras americanas AT&T, Sprint, Verizon e T-Mobile, sem falar em outras 450 redes de telefone celular pelo mundo.

Para roubar as chaves de código dos cartões, os espiões primeiro hackearam e-mails de funcionários da empresa e foi através destas contas que chegaram à mina de ouro.

Quantas leis estraçalharam pelo caminho? Quem sabe... E quem vai procurar saber para exigir punição para o abuso? Melhor espera sentada...

O site Intercept foi criado, entre outros, pelo jornalista americano Glenn Greenwald, o mesmo que entrevistou Edward Snowden em Hong Kong com a documentarista Laura Poitras e trouxe à tona ao programas de espionagem em massa da NSA.

Greenwald, que mora no Rio com o companheiro carioca, se associou a outro expoente do jornalismo investigativo norte-americano, Jeremy Scahill, famoso pelas denúncias a respeito dos abusos da chamada guerra contra o terror e do uso de mercenários nessa tal guerra. Foi Scahill que publicou, na última semana, a reportagem sobre o programa de espionagem conjunto dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.

Segundo a denúncia do Intercept, a operação dos espiões foi tremendamente eficiente. Toda vez que uma empresa como a GEMALTO fabrica um cartão SIM, ela imprime um código no cartão e depois tem que passar esse código para operadora compra o cartão.

De posse do código, ela reconhece o aparelho na primeira vez que ele aciona a rede de comunicação e daí em diante, as conversas ficam protegidas. A GEMALTO envia o código para a operadora por e-mail.

O que os espiões fizeram? Hackearam a rede interna de e-mails da GEMALTO para identificar quais eram os funcionários responsáveis pelo envio dos códigos. Aqueles que tinham uma sobrecarga de e-mails enviados com proteção. Invadiram essas contas e foram recolhendo todas as listas de códigos. Dessa forma, se apossaram da “chave” de entrada nos telefones de meio mundo.

É como entrar na casa de alguém com a chave na porta. De luvas, não ficam nem as impressões digitais. O dono da “casa” nunca vai se dar conta de que teve a privacidade violada.

Na Holanda, a GEMALTO reagiu com surpresa. Prometeu investigar como foi que tudo isso aconteceu. Mas o fato é que os códigos SAP usados por uma razão muito mais comercial do que de privacidade. Para garantir aos clientes uma proteção mais eficiente, as operadoras terão que acrescentar mais um nível de proteção, que hoje não existe.

Passaram para a fabricante do cartão SIM essa função.

A sede de informação e controle, a espionagem sem freio do Tio Sam, aliado aos interesses e à falta de escrúpulos dos comparsas britânicos criou uma tremenda celeuma diplomática recentemente.

A Chanceler alemã Ângela Merkel se aborreceu com Barack Obama. Cobrou garantias de que não será mais espionada como ficou claro que estava sendo. Recebeu de Obama todas as promessas cabíveis.

A presidente Dilma Rousseff até hoje aguarda um pedido de desculpas e garantias de que o telefone celular que usa não é mais alvo das escutas por parte dos espiões norte americanos. Até agora, nenhuma certeza de que o abuso foi suspenso definitivamente.

Quem pode ser ingênuo a ponto de acreditar que por terem sido flagrados, os espiões do primeiro mundo vão parar por ai? E o que é ainda pior: quem tem instrumentos, legais ou de outra natureza qualquer, para exigir, cobrar e monitorar mudanças efetivas? A ONU? A organização que votou contra a invasão do Iraque e assistiu de camarote os Estados Unidos irem adiante sem tomar nenhuma medida para punir o país que não se dobra à vontade do coletivo mundial? E onde esta a indignação que deveria ter explodido nas páginas da imprensa do primeiro mundo?

A reação foi no mínimo tímida. Difícil vislumbrar uma solução.

OBS: As informações originalmente foram extraídas do jornal Valor Econômico, matéria publicada na Segunda-Feira, 23 de Fevereiro, 2015 .


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