Em outubro, foi realizada a 15ª ExpoCristã em São Paulo. Entre shows, simulações virtuais e editoras, duas empresas se destacaram com produtos tecnológicos semelhantes. A Kuzzma, empresa de inteligência artificial estrangeira, e a brasileira Igreja Mobile apresentaram a ideia de reconhecimento facial para igrejas.

A primeira, além de um estande, teve seu CEO, Marcelo Scharan, realizando uma palestra com o nome “personalização, dados e igreja”. Em seu site, afirma que o reconhecimento é feito a partir de uma câmera panorâmica de alta resolução, identificando informações pessoais e assiduidade dos fiéis. Depois disso são gerados relatórios incluindo estatísticas do comportamento e até avisando em casos de atividades consideradas anormais. Já a empresa brasileira, além do reconhecimento que disponibiliza há cerca de um ano, também oferece serviço de transmissão ao vivo de cultos e eventos.

A tecnologia utiliza uma câmera comum para registrar as imagens e enviar para um computador capaz de reconhecer rostos e mais informações pessoais. “Conseguimos definir a assiduidade do usuário, contagem de pessoas, humor do usuário”, explicou o diretor de desenvolvimento da Igreja Mobile, Luís Henrique Sabatine.

Segundo o diretor, cerca de 40% dos clientes da empresa utilizam o serviço de reconhecimento facial. O Projeto Recomeçar é um dos clientes que utiliza a tecnologia e avalia o serviço de forma positiva. “Nós utilizamos para dar uma maior assistência aos membros que não estão vindo aos cultos”, contou Caio Duarte, responsável pela área de TI da igreja.



Coleta sem autorização

Segundo Sabatine, a tecnologia oferecida tem que ser alimentada com os dados dos fiéis e, nesse momento, é necessário assinar um termo de consentimento. Porém, o Projeto Recomeçar e outros clientes que firmaram o termo de uso de dados com os fiéis, apenas anunciam que está sendo utilizada a tecnologia nos cultos. Para Duarte, o consentimento do fiel fica definido quando o cliente faz o cadastro com foto no software da Igreja Mobile.

Joana Varon, diretora da organização Coding Rights e especialista em uso de dados pessoais, explica que apenas isso não é o suficiente. Para ela, o fiel pode se sentir coagido a aceitar o termo para continuar frequentando os cultos. Além disso, Joana afirma que o reconhecimento facial é considerado “sensível” pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP).

Segundo a lei, dados pessoais sensíveis só podem ser utilizados quando “o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e destacada, para finalidades específicas”, dessa forma, não sendo suficiente o consentimento não formal.

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