Encontro histórico entre Donald Trump e Kim Jong-Un tem acordo pelo fim de armas nucleares; E momentos engraçados


Coreia do Norte se comprometeu com o desmonte do seu programa nuclear nesta terça-feira (12), durante o encontro inédito de seu líder, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Singapura.

Os dois países "decidiram deixar o passado para trás" e "o mundo verá uma grande mudança", segundo Kim, que assinou uma declaração de quatro itens durante o encontro com o chefe de estado americano.
O engajamento com o fim da produção de armas nucleares e a desnuclearização completa da península coreana era uma condição imposta pelos EUA para a realização da histórica cúpula.
Porém, o documento final do encontro não estabelece metas ou detalhes de como o compromisso será colocado em prática para que o abandono da produção seja feito de forma completa, irreversível e verificável, como pedem os Estados Unidos.
O compromisso com o desmonte do programa nuclear já consta na Declaração de Panmunjon, assinada após o encontro de líderes das duas Coreias, em abril.

  Kim Jong-Un e Donald J. Trump assinando o documento de acordo entre Coreia do Norte e Estados Unidos da América

O documento assinado por Trump e Kim nesta terça possui quatro pontos:
  1. 1. EUA e Coreia do Norte se comprometem a estabelecer relações de acordo com o desejo de seus povos pela paz e prosperidade;
  2. 2. Os dois países irão unir seus esforços para construir um regime de paz estável e duradouro na península coreana;
  3. 3. Reafirmando a Declaração de Panmunjon, de 27 de abril de 2018, a Coreia do Norte se compromete a trabalhar em direção à completa desnuclearização da península coreana;
  4. 4. Os EUA e a Coreia do Norte se comprometem a recuperar os restos mortais de prisioneiros de guerra, incluindo a imediata repatriação daqueles já identificados.

Na avaliação de Trump, as negociações com Kim foram "francas, diretas e produtivas" e o documento está "bastante completo". O texto mostra, segundo o americano, que os países estabeleceram uma ligação especial após a sua assinatura.
Em entrevista logo depois do encontro, o presidente americano afirmou que Kim aceitou o seu convite para visitar a Casa Branca e que ele pretende visitar Pyongyang "em um certo momento".
"Aprendi que ele é um homem muito talentoso que ama muito seu país. É um negociador de valor, que negocia em benefício de seu povo", afirmou.

Sanções mantidas

O presidente americano disse que a Coreia do Norte "já está destruindo seus principais centros de testes nucleares", mas que as sanções econômicas serão mantidas por enquanto. Adotadas entre 2017 e 2018, as sanções tem o objetivo de pressionar Pyongyang a reduzir seus programas nuclear e armamentista.
Nesta terça, Trump afirmou que vai pressionar o país a abandonar a produção de armas nucleares o mais rápido que puder, mas reconheceu que esse processo pode levar um tempo.
Trump disse que as sanções serão removidas "quando tivermos certeza de que as armas nucleares não são mais um fator [de risco]". "Eu realmente estou ansioso para retirá-las [as sanções]", garantiu.

'Jogos de guerra'

O presidente americano também anunciou a suspensão dos "jogos de guerra" na península coreana, fazendo referência aos exercícios militares feitos pelos EUA em conjunto com a Coreia do Sul. A Coreia do Norte considera as manobras militares uma provocação.
Na avaliação de Trump, as manobras são caras e se tornaram inapropriadas face à nova relação estabelecida pelos Estados Unidos com a Coreia do Norte.
Trump disse que espera retirar as forças dos EUA da Coreia do Sul, mas disse que essa medida não está sendo discutida no momento. Atualmente, 28 mil soldados americanos estão no país.
Até o momento, as forças de segurança dos EUA na Coreia do Sul não receberam uma orientação formal para a suspensão dos exercícios militares conjuntos, de acordo com Reuters, citando um comunicado da tenente-coronel Jennifer Lovett.

Encontro inédito

Após uma série de testes balísticos norte-coreanos e uma verdadeira “guerra verbal” entre Kim e Trump travada ao longo de 2017, o primeiro encontro dos líderes dos dois países parecia impossível.
O objetivo desta cúpula em Singapura era chegar a um consenso sobre o desmonte do programa nuclear e balístico da fechada ditadura comunista, em troca de alívio econômico para o país atualmente afetado por duras sanções.
Kim e Trump tiveram um encontro privado, uma reunião ao lado de seus assessores e um almoço ao lado de suas respectivas comitivas. Os dois líderes caminharam juntos e se cumprimentaram várias vezes diante das câmeras.
Quando se sentou ao lado de Kim pela primeira vez, Trump disse ter esperança de que a cúpula seria "tremendamente bem-sucedida". "Teremos um ótimo relacionamento pela frente", acrescentou.

Kim Jong-un e Donald Trump sorriem ao se cumprimentar durante reunião em Singapura (Foto: Kevin Lim/The Straits Times via AP)

O ditador norte-coreano disse, em seguida, que havia enfrentado uma série de "obstáculos" para realizar esse encontro. "Nós superamos todos eles e estamos aqui hoje", disse a repórteres, por meio de um tradutor.
Mais tarde, em um breve pronunciamento, Trump disse que o encontro estava sendo "melhor do que qualquer um poderia esperar". Em seguida, ele mostrou sua limusine ao norte-coreano e manteve o que pareceu ser uma conversa bastante amistosa durante alguns minutos. Eles se separaram brevemente e voltaram a encontrar na sala onde assinaram a declaração.
O local do encontro foi o luxuoso hotel Capella, na ilha de Sentosa, famosa por suas praias turísticas e seus campos de golfe espetaculares. Singapura designou partes de sua região central como uma "zona especial", implantando um rigoroso sistema de segurança. O espaço aéreo sobre a rica cidade-Estado está temporariamente restrito durante partes dos dias 11, 12 e 13 de junho.

                                       Donald Trump mostra acordo assinado 

Momentos engraçados
Imagens mostram os líderes mundiais a aproximar-se da limusine enfeitada com bandeira americana. Trump fez um gesto em direção ao veículo e um agente do Serviço Secreto abriu a porta do passageiro.
O líder norte-coreano sorriu ao receber permissão para poder ver por dentro a limusine avaliada em 1,6 milhões de dólares (mais de 1,3 milhões de euros) que foi projetada para resistir a um ataque armado ou químico. O carro acompanha sempre o presidente dos EUA, viajando na barriga do avião em deslocações ao estrangeiro.
A careta de Kim Jong-un ficou conhecida nas redes sociais após Donald Trump ter pedido aos fotógrafos para fazer com que os líderes mundiais "parecessem magros e bonitos".
O presidente dos EUA fez a piada para fotógrafos e operadores de câmara do canal de televisão do governo de Singapura. "Estão todos a conseguir uma boa fotografia? Para parecermos bem, bonitos, magros e perfeitos", disse Trump para as câmaras.
Kim Jong-un pareceu confuso com as observações, tendo sido gravado a franzir o sobrolho, quando as câmaras se aproximavam do rosto dele.
A careta de Kim em relação à piada de Trump sobre o peso surge depois da Casa Branca ter aparecido nas manchetes dos meios de comunicação por lançar uma moeda comemorativa que contava com a figura de Kim Jong-un, que apresenta um duplo queixo proeminente.
Duas horas depois de assinar o acordo com Kim Jong-un, Donald Trump mostrou aos jornalistas um vídeo sobre um possível futuro idílico para a Coreia do Norte.
De acordo com o Trump, o vídeo foi um presente do presidente norte-americano ao líder norte-coreano na tentativa de lhe mostrar um futuro brilhante que estava ao alcance da Coreia do Norte.
O filme retrata a Coreia do Norte a abandonar as armas nucleares e a adotar um economia de mercado e sistemas de transporte de tipo ocidental, juntando-se à Coreia do Sul na era moderna. "Mostrei-vos (aos jornalistas) porque este é o futuro", disse o líder dos EUA. "Isso pode muito bem ser o futuro. A outra alternativa não é uma boa alternativa."

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