Opiniao por Bispo Domingos Siqueira
Justiça com as próprias mãos é algo realmente justo?
O Estado não pode ser omisso. O País está avançando, mas há muitas lacunas
Uma cena chocante. Em uma calçada movimentada da zona sul do Rio de Janeiro um adolescente é espancado e preso a um poste pelo pescoço com uma trava de bicicleta. Segundo o que foi divulgado pela imprensa, ele foi vítima de um grupo que se autointitula ‘’justiceiros”.
Pasmem todos: isso ocorreu em pleno
século 21, quando o mundo está interligado pela internet e as notícias
se espalham em questão de segundos e, às vezes, em tempo real. Contudo,
nos deparamos com pessoas que se levantam para fazer “justiça” com as
próprias mãos. Mas seria isso justo? Por acaso, voltamos à Idade Média
ou ao tempo do Velho Oeste, quando muitos assumiam a posição e o direito
de julgar e condenar?
Esse caso do Rio não é isolado. Eu mesmo
presenciei pessoas sendo linchadas nas ruas sem que a polícia
aparecesse. Isso porque a população não aguenta mais a ausência do
Estado e clama por segurança.
De fato, os assaltos, em sua maioria,
foram cometidos por menores. Ninguém está seguro. Há medo nas ruas, nas
escolas, nas praias e até nos shoppings. Não há segurança nem dentro da
própria casa. Mas será que isso justifica o surgimento de grupos
buscando justiça a qualquer custo? Podemos chamar de justiça o
linchamento de um adolescente que roubou um celular ou uma bolsa e saiu
correndo? A morte não seria uma pena muito cruel nesse caso? Por acaso,
vivemos em um país sem leis?
A verdade é que, se isso não mudar,
teremos um caos estabelecido na sociedade, pois violência gera
violência. Mas devemos nos concentrar em quem deve responder por tais
atitudes e identificar qual deve ser o papel do governo, da família e da
sociedade para evitar que mais casos assim se repitam.
O Estado não pode ser omisso. O País
está avançando, mas há muitas lacunas a serem fechadas. Não seremos uma
nação de Primeiro Mundo sem investimento na Educação. Precisamos de
programas sociais que incluam os jovens. Mais esporte, cultura, cursos
profissionalizantes e incentivo ao trabalho. As políticas sociais têm
que mudar. As famílias precisam do amparo do governo e das instituições.
A população não pode assumir o papel de legislar e executar as leis.
Afinal, temos um País constituído por três poderes.
Como brasileiros, temos que acreditar
nas nossas instituições e cobrar que cumpram sua função. Há muita
carência de tudo: saúde, segurança pública, educação, entre outras. E,
sobretudo, existe a carência maior, que é a de Deus. As famílias
precisam se voltar para a fé cristã.